Escreveu João Luís em 23/07/2004 a propósito de Carlos Paredes:

 

Morreu o corpo do Carlos Paredes.
O Paredes, coitado, já tinha morrido há anos.
Mas deixou-nos a música fabulosa que cultivou, tocou e compôs.
Obrigado, Carlos Paredes, wherever you may be
.

 

           

João Luís Lopes dos Reis não morreu - nem há anos nem há dias.

 

Saiu.

 

Sem alarde, em jeito de quem deixa uma laracha, pede licença e se levanta por ter mais que fazer, estilo - até-amanhã-e-fiquem-bem - sem dar cavaco ou confiança a essa puta cabra tinhosa da Ceifeira de capuz negro, que corta o viço e deixa o podre deste Mundo, porque é cega, e má, e bruta, e imbecil.

 

De JLLR brilhante e superior Advogado de inteligência absolutamente invulgar, do estudioso de tudo, do pensador livre, do insaciável pescador de conhecimentos que partilhava connosco o muito (tanto, e tanto) que pescava com a simplicidade de que só os génios são capazes dando aos outros o que sabem, só porque sabem, muitos dirão (como se fosse preciso) melhor do que eu, e noutros sítios.

 

De JLLR-Amigo, coração aberto e leal, da sua generosidade e grandeza de alma disse o meu Padrinho João Centeno o que eu gostaria de ter dito.

 

A sua abordagem da vida a peito aberto, na advocacia e em sociedade entre os seus pares e amigos, o seu carácter, a sua frontalidade e coragem, somados ao talento e arte - que não se aprende em lado nenhum - de escrever em duas linhas lúcidas, breves e inteligentes, ainda por cima com uma ponta de humor, o que a outros gastaria páginas e páginas, terá deixado por aí alguns azedumes em gente que hoje, faltando ele, também o chora.

 

Por ironia escrevo eu chorando, como o João, sem mão na alma ou nos olhos, para vos pedir que não chorem João Luís Lopes dos Reis; ele não gostaria.

 

Na Ciberjus isto passa;  é só a gente habituar-se à ideia de que não vai haver o troco do costume, generoso e cintilante.

 

João Luís Lopes dos Reis esteve cá.

 

Passou pela vida e não a vida por ele; deixou marca forte, obra, e amigos zangados e inconformados pelo tempo pouco que lhes tocou.

 

E não morreu, que Gente desta não morre – ele anda por aí com ar trocista a coscuvilhar tudo o que escrevemos, com o ensinamento/ajudinha  numa mão e a moca na outra.

 

Guardo-o – grata imagem - do outro lado da mesa, sorriso largo, aberto, luminoso, a interpelar-me a propósito de coisa que não lhe calhasse ou asneira que eu dissesse, com um “Ó seu C******”…..

 

Um Abraço, João Luís.

 

E muito obrigado, por tanta coisa fabulosa que sobrou para nós.

 

Até mais tarde.

 

Carlos