Confrades Excelentes,
 
Venho de férias, sem qualquer contacto com nets, cibers, listas, trabalho, tudo. Não li jornais e poucas notícias na TV. Chego ao escritório e o Colega Sénior, amigo do João Luis Lopes dos Reis e careca de saber que eu tinha com ele uma cordialíssima relação larga-me a bomba: Você não conhecia o João Luis ? (o past tense fez-me desconfiar...) conhecia ? Claro, era meu camarada cachimbista.... porquê ? foi-se ? (respondi a brincar). A confirmação na expressão facial atingiu-me como um soco (bem sei que é um bocado Dashiel Hammet mas não dá para mais). O João Luis ? Foi-se ? Oh caramba.... então mas ... (seguiu-se a habitual colecção de clichés baseadas na idade, na Excelência do Homem, na surpresa).
 
Tenho (sempre tive) alguma dificuldade em transpor para o papel sentimentos. Parecem-me sempre de uma lamechice abominável. Por isso, nem vou tentar. De qualquer das formas, ainda que não tenha lido qualquer mensagem vossa (suspendi a recepção), posso bem calcular como tenha sido o choque da perda de um companheiro dilecto aqui na Ciber. Deixo-vos só com esta: a Ciber está muito mais pobre, o país perdeu um cavaleiro (de alma). Eu, egoisticamente, sinto-me muito triste. Faz-me falta.
 
Não vos maço mais. Vou escolher o melhor cachimbo, enchê-lo de Balkan Sobranie e fumá-lo à memoria do Maestro que morreu, colhido a meio da faena da vida, pela cornada da morte Negra. Vaia por ti, João Luis, até logo.
 
Jorge Macieira